sábado, 20 de abril de 2024

Mensagem ao Povo Brasileiro


Mensagem da 61º  Assembleia da CNBB


Vós sois todos irmãos e irmãs (cf. Mateus 23,8)

 

 Nós, bispos católicos do Brasil, iluminados por Jesus Ressuscitado, com fé  e esperança, reunidos no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, de 10 a 19 de abril na cidade de Aparecida, SP, para a 61ª Assembleia Geral  da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, dirigimos esta mensagem a todo o povo brasileiro.

Na Assembleia, tivemos a oportunidade de dialogar e refletir sobre anossa participação na missão da Igreja e na sociedade. Foi um momento de  comunhão e de valorização das nossas diversidades. Reafirmamos e renovamos nossa opção radical e incondicional pela defesa integral da vida que se manifesta em cada ser humano e em toda a Criação. O tempo pascal nos impulsiona a renovar a esperança na certeza de  que a morte foi e será sempre vencida. Os tempos atribulados exigem coragem e paciência para crescermos na Amizade Social (cf. Campanha da  Fraternidade 2024). As muitas dificuldades ajudam a construir uma atitude de  resistência e resiliência na busca por uma sociedade mais justa e fraterna,  valores fundamentais do Reino de Deus.

O passado recente nos ensina que a busca de soluções para o Brasil passa necessariamente pelo diálogo e pelo entendimento. Muito do que  superamos deveu-se à articulação entre agentes lúcidos e cidadãos  compromissados com a vida, a democracia e o país. As instituições brasileiras  e a sociedade civil são fundamentais nesse processo. Os três poderes da  República são instados a viver o que preconiza a Constituição. Independência e harmonia não são opções de momento, são deveres permanentes e irrenunciáveis.

Na sociedade do diálogo, a paz é um imperativo. O primeiro dom do  Ressuscitado foi de que a paz estivesse no nosso meio (cf. João 20,21). Papa Francisco recorda que a paz, por ação da força “mansa e santa” dos que  creem, deve ser buscada como forma de “se opor ao ódio da guerra” (Papa  Francisco, 1º. de janeiro de 2024). Desejamos paz para os inúmeros países em  guerra, cujas consequências são milhares de mortes e milhões de deslocados e refugiados. Os gastos militares em 2023 foram os mais altos desde a Segunda  Guerra Mundial, enquanto a fome cresceu e alcança parcela significativa da  população mundial.

Acompanhamos com dor o crescimento do crime, das milícias, do narcotráfico, da violência nas cidades e no campo, do bullying, do  vandalismo, do racismo, do feminicídio, do tráfico humano e da exploração  sexual de crianças, adolescentes e vulneráveis; a realidade dos migrantes, do  povo em situação de rua, da população encarcerada nos desafia  profundamente; a corrupção, o nepotismo e o tráfico de influência violentam  o país. Necessitamos construir a paz que nasce da justiça (cf. Isaías 32,17).  Esse cenário de violência se agrava pela precarização do mundo do  trabalho e a tragédia do desemprego. Por ocasião da Festa do 1º de Maio,  que se aproxima, a Igreja, inspirada em São José Operário, se une  solidariamente aos trabalhadores e trabalhadoras nas suas memoráveis lutas  por condições dignas de vida e trabalho, bem como com aqueles que  continuam enfrentando antigos e novos problemas. Entendemos que o Brasil  necessita de um novo marco legal que garanta a prioridade do trabalho, do  bem-estar humano e da geração de emprego e renda, principalmente para  os jovens. Todos os segmentos da sociedade brasileira devem defender a vida na sua integralidade e agir solidariamente em prol de um país  economicamente humanizado, politicamente democrático, socialmente  justo e ecologicamente sustentável.

Os extremos climáticos, em forma de desastres naturais provocados  pela ganância e pelas formas equivocadas de ocupação do espaço urbano, sem planejamento e sem respeito aos mais vulneráveis, são cada vez mais  intensos. A necessária transição para energias limpas deve respeitar os direitos  das comunidades ao território e à qualidade de vida. A Amazônia sofre! Os povos da floresta, das matas e das águas que ali  vivem não podem mais ser sacrificados num modelo de exploração que não permite o bem viver. Os outros biomas – cerrado, mata atlântica, caatinga,  pampa, pantanal – igualmente importantes, estão sob pressões cada vez mais  difíceis de serem revertidas. Enfim, toda a Casa Comum sofre com a destruição.

O Brasil receberá em 2025 a Conferência das Partes da Convenção das  Nações Unidas sobre Mudanças de Clima, a COP 30, em Belém do Pará, que  debaterá soluções para conter o aquecimento global e criar alternativas  sustentáveis para a vida na Terra. Essa Conferência poderá ser uma  oportunidade de mostrar o compromisso dos governos com a obra da  Criação e a responsabilidade das mulheres e dos homens como cuidadores  de tudo o que Deus criou e lhes confiou.

Os povos indígenas brasileiros, prejudicados por séculos, enfrentam um  dos maiores ataques de sua história, por meio do Marco Temporal, que já foi  declarado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como inconstitucional. Há  necessidade de melhores políticas públicas na ação concreta em defesa dos  povos originários e proteção às suas terras, especialmente no território Yanomami.

Fundamental na vida do Brasil, passados sessenta anos do início da ditadura, a democracia ainda precisa de cuidado. Depois do período de  sistemáticos e ostensivos ataques, temos a oportunidade de fortalecê-la nas  eleições municipais de 2024, através do voto consciente e livre. A consciência  cívica deverá estar a serviço dos mais profundos interesses do nosso povo, pois  há exigências éticas para a realização do bem comum. Por isso, os cristãos,  leigos e leigas, não podem “abdicar da participação na política”  (Christifideles Laici, 42). Preocupa-nos que extremismos, desprezando o projeto  de fraternidade social, façam do processo eleitoral um palco de intolerância  e de ainda mais violência.

Continuamos atentos ao lugar e ao espaço social ocupados pelos  novos meios de comunicação. O combate à desinformação, às mentiras e às  fakenews que, frequentemente, usam também a linguagem religiosa para  justificar interesses políticos e econômicos escusos, nos exige maior  capacidade de enfrentamento e melhores mecanismos para que não seja  modificada a soberania do voto. Como disse o Papa Francisco, a Inteligência  Artificial corre o risco de ser rica em técnica e pobre em humanidade (cf.  Papa Francisco, Mensagem dia mundial das Comunicações de 2024). A  liberdade de expressão não pode estar a serviço da divisão social. A própria  democracia é enfraquecida pelo ódio, o fundamentalismo e o populismo. Realistas diante dos desafios, acreditamos nos sinais de esperança. Comunidades cristãs têm sido exemplos de uma solidariedade concreta,  amizade e responsabilidade social. Submetidos às periferias sociais e  existenciais, sem condições de enfrentar com dignidade o cotidiano, muitos  encontram na comunidade a mão estendida que muitas vezes lhes falta do  poder público. Somente a cultura do encontro pode promover uma  sociedade mais justa e fraterna.

 Peregrinos da esperança, em comunhão com a Campanha da  Fraternidade 2024, que completa sessenta anos, conclamamos o povo  brasileiro a somar forças na construção de uma única família humana. Rumo  ao Jubileu da Esperança de 2025 e sob o manto protetor de Nossa Senhora  da Conceição Aparecida, Mãe e Padroeira do Brasil, invocamos a bênção

de Deus sobre todo o povo brasileiro.

 

Aparecida, 16 de abril de 2024

 

 

Dom Jaime Spengler

Arcebispo da Arquidiocese de Porto*)

Alegre - RS

Presidente da CNBB

 

 

Dom João Justino de Medeiros Silva

Arcebispo da Arquidiocese de

Goiânia - GO

1º Vice-Presidente da CNBB

 

 

Dom Paulo Jackson Nóbrega

Arcebispo da Arquidiocese de

Olinda e Recife - PE

 

 

2º Vice-Presidente da CNBB

 

 

Dom Ricardo Hoepers

Bispo Auxiliar da Arquidiocese de

Brasília - DF

Secretário-Geral da CNBB


domingo, 31 de dezembro de 2023

Te Deum laudamus" "louvamos-te" (Deus).

 


Ao encerrar o ano   de 2023 queremos   apresentar  um louvor.   o Te Deum laudamus"  celebrando  todas as conquistas,  pedindo a benção  para o ano que se inicia.

No Latim, "Te Deum laudamus" permite a aglutinação de duas ideias distintas na mesma construção: "louvamos-te" e "tu (a quem louvamos) és Deus". Uma tradução quase literal teria de recorrer a coordenação (por exemplo: "Louvamos-Te porque és Deus") ou a locuções adverbiais (por exemplo: "Louvamos-Te como Deus [que és]").

O hino é usado regularmente na Igreja Católica, Igreja Luterana, Igreja Anglicana e Igreja Metodista (principalmente antes da Homilia) no Ofício de Leituras encontrado na Liturgia das Horas, e em agradecimento a Deus por uma bênção especial como a eleição de um papa, a consagração de um bispo, a canonização de um santo, uma profissão religiosa, a publicação de um tratado de paz, uma coroação real, etc

Te Deum (do seu incipit, Te Deum Laudamus, Latim para "a Vós, ó Deus, louvamos") é um hino cristão cuja redação final é tradicionalmente datada do ano 387 d.C. quando da ocasião do batismo de Santo Agostinho por Santo Ambrósio, mas de origem ancestral, com autoria rastreada ao Papa Santo Aniceto, em 160 d.C. [1]

O hino é usado principalmente na liturgia católica, como parte do Ofício de Leituras da Liturgia das Horas e outros eventos solenes de ações de grgraças.

O hino é encontrado também na hinódia ou práticas litúrgicas de outras igrejas cristãs, incluindo o Livro de Oração Comum da Igreja Anglicana, as matinas luteranas e, de modo menos regular, em outras denominações protestantes e evangélicas.

Tradicionalmente, a autoria do hino é atribuída a Santo Ambrósio (m. 397) e a Santo Agostinho (m. 430), na ocasião do batismo deste último pelo primeiro na Catedral de Milão, no ano 387.

Estudos levados a cabo no século XIX, atribuíram a composição aos santos Hilário de Poitiers (m. 367) e Nicetas de Remesiana (m. 414). No século XX, a associação com Nicetas foi abandonada, de modo que o hino, embora datando quase certamente do século IV, é considerado de autoria incerta.

No último dia do ano, as leis eclesiásticas concedem aos católicos a indulgência plenária, nas condições usuais, se estes recitarem um Te Deum em público no réveillon como gratidão a Deus pelos benefícios Dele recebidos durante o ano que finda. No cristianismo a gratidão sincera e cordial é considerada a chave para se receber mais dadivosos benefícios da bondade divina, por isso nada mais justo, digno e necessário esta demonstração de ações de graças por parte do fiel.