sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O Tempo do Advento, Adventus ou Advenire.


Advento s.m. Vinda: o advento do Messias. / Instituição, início: o advento da República. / Referente ao período litúrgico de quatro semanas que na Igreja Católica precede o Natal. Assim é a definição do advento no Dicionário  e sabemos que sua origem é muita antiga  e uma palavra de origem latina (ADVENTUS do verbo Advenire).
Recordava a vinda  anual da divindade pagã, ao templo, para visitar seus adoradores. Acreditava-se que o deus cuja estátua era ali cultuada permanecia em meio a eles durante a solenidade e também  era um marco da vinda de uma autoridade para assumir um cargo  importantíssimo perante o povo.  Nas obras cristãs dos primeiros tempos da Igreja, especialmente na Vulgata, adventus se transformou no termo clássico para designar a vinda de Cristo à terra, ou seja, a Encarnação, inaugurando a era messiânica e, depois, sua vinda gloriosa no fim dos tempos.   
Presépio da Cúria Diocesana de Nova Iguaçu.  
 Para a Igreja Católica também é o primeiro tempo do Ano litúrgico, o qual antecede o Natal sendo um tempo de preparação e alegria, de expectativa, onde os fiéis, esperando o Nascimento de Jesus Cristo (por isso se começa a montar o presépio sem o menino  e ele deve ser colocado na na manjedoura na noite de 24 de dezembro -  foto), vivem o arrependimento e promovem a fraternidade e a Paz. No calendário religioso este tempo corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal.
Os primeiros traços da existência de um período de preparação para o Natal  e para a Epifania (REVELAÇÃO) do Senhor acontece no Sínodo de Saragoça  no ano de 380 na Espanha que prescreveu uma preparação de três semanas para a Epifania, data que antigamente se celebrava o Natal  e depois, aparecem no século V, quando São Perpétuo, Bispo de Tours, estabeleceu um jejum de três dias, antes do nascimento do Senhor e também o final desse século  surge a  "Quaresma de São Martinho", que consistia num jejum de 40 dias, começando no dia seguinte à festa de São Martinho. São Gregório Magno (590- 604) foi o primeiro papa a redigir um ofício para o Advento, e o Sacramentário Gregoriano é o mais antigo em prover missas próprias para os domingos desse tempo litúrgico. No século IX, a duração do Advento reduziu-se a quatro semanas, como se lê numa carta do Papa São Nicolau I (858-867) aos búlgaros. E no século XII o jejum havia sido já substituído por uma simples abstinência.Apesar do caráter penitencial do jejum ou abstinência, a intenção dos papas, na alta Idade Média, era produzir nos fiéis uma grande expectativa pela vinda do Salvador, orientando-os para o seu retorno glorioso no fim dos tempos. Daí o fato de tantos mosaicos representarem vazio o trono do Cristo Pantocrator. O velho vocábulo pagão adventus se entende também no sentido bíblico e escatológico de "parusia".
As Igreja orientais celebra o advento um pouco diferente,  o ciclo de preparação para o grande dia do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo formou-se com uma característica acentuadamente ascética, sem abranger toda a amplitude de espera messiânica que caracteriza o Advento na liturgia romana. Na liturgia bizantina destaca-se, no domingo anterior ao Natal, a comemoração de todos os patriarcas, desde Adão até José, esposo da Santíssima Virgem Maria. No rito siríaco, as semanas que precedem o Natal chamam-se "semanas das anunciações". Elas evocam o anúncio feito a Zacarias, a Anunciação do Anjo a Maria, seguida da Visitação, o nascimento de João Batista e o anúncio a José.
A igreja do Ocidente o Advento toma o seu sentido mais amplo. Muito diferente do menino pobre e indefeso da gruta de Belém, nos aparece Cristo, no primeiro domingo do tempo do advento, cheio de glória e esplendor, poder e majestade, rodeado de seus Anjos, para julgar os vivos e os mortos e proclamar o seu Reino eterno, após os acontecimentos que antecederão esse triunfo: "Haverá sinais no Sol, na Lua e nas estrelas; e, na Terra, angústia entre as nações aterradas com o bramido e a agitação do mar" (Lc 21, 25). "Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem" (Lc 21, 36). É a recomendação do Salvador.
Como ficar de pé diante do Filho do Homem? A nós cabe corar de vergonha, como diz a Escritura. A Igreja assim nos convida à penitência e à conversão e nos coloca, no segundo domingo, diante da grandiosafigura de São João Batista, cuja mensagem ajuda a ressaltar o caráterpenitencial do Advento.
Com a alegria de quem se sente perdoado, o terceiro domingo se inicia com a seguinte proclamação: "Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto". É o domingo Gaudete. Estando já próxima a chegada do Homem- Deus, a Igreja pede que "a bondade do Senhor seja conhecida de todos os homens". Os paramentos são cor-de-rosa.
No quarto domingo, Maria, a estrela da manhã, anuncia a chegada do verdadeiro Sol de Justiça, para iluminar todos os homens. Quem, melhor do que Ela, para nos conduzir a Jesus? A Santíssima Virgem, nossa doce advogada, reconcilia os pecadores com Deus, ameniza nossas dores e santifica nossas alegrias. É Maria a mais sublime preparação para o Natal.  Ainda podempos citar o texto de Galatas 4,4 e Mc 1,15.
  • A coroa de advento

Hoje, na Alemanha, a Coroa de Advento está dentro de Igrejas, de escolas e até de residências particulares. É impossível se imaginar os festejos de Advento sem a presença da referida e suas quatro velas queimando durante os 24 dias. Pois andei pesquisando a respeito. A Coroa de Advento não é antiga. Ela foi concebida em Hamburgo, há mais de cem anos. Havia muitas crianças órfãs naquela cidade portuária. Meninas e meninos sem teto que perambulavam pelas ruas pedindo esmolas. Conhecemos este “filme”.

As coisas não precisam ser sempre assim. Um pastor evangélico luterano morava naquela cidade. Seu coração pulsava por aquelas meninas e por aqueles meninos “sem eira nem beira”. Mexe daqui, puxa dali, ele construiu uma enorme casa onde passou a abrigar o máximo possível de crianças de rua. Naquela casa o povo miúdo tinha espaço para dormir e fazer suas refeições. Mais do que isso: tinha a chance de aprender uma profissão. Muitos saíram dali formados como sapateiros, desenhistas, costureiras e até jardineiros. A ideia era que, assim, não precisariam mais perambular pelas ruas pedindo esmolas, uma vez que juntavam seus próprios dinheiros a partir do suor do seu rosto.
um dos modelos da Coroa do advento
Foi assim que, em 1833, nasceu a “Rauhes Haus” (Casa Rústica). O pastor visionário chamava-se Johann Heinrich Wichern (*1808 +1881). Todo ano ele celebrava o tempo de Advento com meditações, cânticos e reflexões que enfocavam este tempo bonito que antecede o Natal. Para contextualizar aqueles momentos o pastor Wichern pendurou uma roda velha, dessas que ainda hoje se vê em carroças, no teto na “Casa” que dirigia. No primeiro domingo de Advento colocou a primeira grande vela a queimar sobre a roda. Depois, nos seis dias seguintes, seis velas pequenas. Daí, no segundo domingo de Advento, novamente a segunda vela grande... Um dia antes do Natal queimavam 24 velas referida roda.
Corria o ano de 1840. As meninas e os meninos que moravam na referida casa gostavam muito daqueles encontros. A roda ia iluminando mais e mais a sala, a medida que o Natal se aproximava. Cada vela tinha o seu significado. Foram eles, as meninas e os meninos, que “batizaram” aquele tempo de “Meditação das Velas”. Passaram-se dois anos e aquela pequena Comunidade decidiu enfeitar a roda iluminada com ramos de pinheiro (sinal de vida). Foi assim que nasceu a primeira Coroa de Advento dentro da Igreja Luterana.
Muitas pessoas que visitavam a “Rauhes Haus” achavam aquele símbolo muito significativo. Como nas suas moradias particulares não havia muito espaço para uma Coroa de Advento com 24 velas, optaram por uma menor com quatro, uma para cada domingo. Viva o Advento, esse tempo no qual nos preparamos para receber a visita que vem: Jesus Cristo!
A coroa está formada por uma grande quantidade de símbolos:
·        forma circular
O círculo não tem princípio, nem fim. É sinal do amor de Deus que é eterno, sem princípio e nem fim, e também do nosso amor a Deus e ao próximo que nunca deve terminar. Além disso, o círculo dá uma idéia de “elo”, de união entre Deus e as pessoas, como uma grande “Aliança”.
·        As ramas verdes
um dos modelos de coroa do Advento.
Verde é a cor da esperança e da vida. Deus quer que esperemos a sua graça, o seu perdão misericordioso e a glória da vida eterna no final de nossa vida. Bênçãos que nos foram derramadas pelo Senhor Jesus, em sua primeira vinda entre nós, e que agora, com esperança renovada, aguardamos a sua consumação, na sua segunda e definitiva volta. O ramos dos pinheiros permanecem verdes apesar dos rigorosos invernos, assim como os cristãos devem manter fé e a esperança apesar das tribulações da vida.
·        A fita vermelha
A fita e o laço vermelho que envolvem a grinalda simbolizam o Amor de Deus ou o próprio Espírito Santo a embalar toda criação que é remida com a chegada de Jesus.
·        As bolas
As bolas simbolizam os frutos do Espírito Santo que brotam no coração de cada cristão.
·        As quatro velas
As quatro velas da coroa simbolizam, cada uma delas, uma das quatro semanas do Advento. No início, vemos nossa coroa sem luz e sem brilho. Nos recorda a experiência de escuridão do pecado. A medida em que se vai aproximando o Natal, vamos ao passo das semanas do Advento, acendendo uma a uma as quatro velas representando assim a chegada, em meio de nós, do Senhor Jesus, luz do mundo, quem dissipa toda escuridão, trazendo aos nossos corações a reconciliação tão esperada. 
  • A primeira vela lembra o perdão concedido a Adão e Eva. 
  • A segunda simboliza a fé de Abraão e dos outros Patriarcas, a quem foi anunciada a Terra Prometida. 
  • A terceira lembra a alegria do rei Davi que recebeu de Deus a promessa de uma aliança eterna. 
  • A quarta recorda os Profetas que anunciaram a chegada do Salvador.
·        As cores das velas do Advento são
Verde, Roxa, Rosa e Branca, podendo também serem adotadas velas com as seguintes cores: Roxa, Vermelha, Rosa e Verde ou até também Roxa Escura, Roxa Clara, Rosa e Branca
Geralmente na Igreja Católica  no Brasil usa as velas coloridas,  na Europa usa-se as velas vermelhas e  no inicio   usava-se  as velas roxa  simbolizando a conversão e penitência e, a cor rosa no terceiro domingo (Gaudete) simbolizando a alegria em meio à expectativa da chegada de Jesus.
De qualquer forma ela baliza o nosso caminho e conduz-nos, luz após luz, para a claridade irradiante da noite de Natal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.