quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Igreja Anglicana e sua Origem...

    Alguns amigos tem conhecimento que somos apaixonados pela Ciência  Histórica e dela nos tornamos amantes por alguns momentos. E  uma outra amante que temos é  Estudo Teológico neste  contexto juntamos as duas damas. 
Foi solicitado uma pesquisa  sobre a Igreja Anglicana, sua Origem seus costumes e tudo mais. Fizemos o trabalho em um trio. Daniel Nonato, Maria de Fátima e Victor Hugo  todos estudantes de teologia   e apaixonados pela Igreja  Católica.   Estivemos em  uma visita a Igreja Anglicana e complementamos nosso estudo com o texto abaixo que foi dividido em 6 partes. Lembre-se que temos aqui  uma publicação a  parti de pesquisas na Internet e conversas com alguns irmãos anglicanos. Muito Obrigado e Boa Leitura.
 Daniel Nonato .

Sumário:

Catedral de Cantuária e o Primaz Anglicano Dr.
 Rowan Williams o 104º na sucessão 
  A história é contada pelo vencedor e por isso, pode ser alterada ou adulterada para defender os interesses daqueles que estão no domínio da situação. Quando ouvimos falar da Igreja Anglicana temos uma vaga lembrança da História no ano de 1534 quando Henrique VIII que desejava contrair uma nova núpcias e o Papa Clemente VII[1] não permite (Embora já tenha concedido a tal dispensa outra vez para esse mesmo monarca), a ponto do monarca ter feito uma tese de defesa a Sagrada Comunhão, elogiada pelo Papa Leão X que é mantido até hoje para os monarcas inglese. O motivo do Papa não conceder a dispensa de acordo com a História foram políticos e não doutrinal.       
  Outra versão conta que São João evangelista transmitiu a fé ao Discípulo São Policarpo e esse a São Irineu que foi para França que se tornou o Bispo de Lyon e de lá a Fé cristã foi  levada não se sabe por quem,   para Ilhas Britânicas. Com a publicação do Edito de Milão[2], pelo imperador Constantino, foi dada liberdade religiosa e acabaram assim as perseguições aos cristãos. Assim, pouco a pouco, a Igreja inglesa foi se organizando.  Em 341 d.C.  os bispos britânicos participaram do Concílio de Arles, o que demonstra claramente a existência de uma comunidade organizada. Quarenta e cinco anos depois no Concílio de Armínio participaram quatro bispos britânicos, um dos quais ao parecer, supriu seus próprios gastos com a viagem, que é um indício de certa prosperidade. Além disso, para alguns historiadores alguns dos primeiros apóstolos haviam viajado para a Grã-Bretanha.  Na liturgia, a Igreja Celta continha claros elementos egípcios e sírios. No livro “a Vida dos Santos Irlandeses”, há episódios que derivam diretamente de uma fonte alexandrina.  Em 359 d.C.  alguns bispos britânicos estiveram presentes num dos maiores Concílios da Igreja – o de Rimini, ainda que com uma fraca representação. Enquanto a Igreja Celta crescia de forma extraordinária na Irlanda e na Escócia durante a primeira parte do quinto século
Supõe-se que a maioria de seus membros era formada por celtas semi-romanizados, desprovidos de recursos.
  Os anglicanos  ainda relatam que sua origem está relacionada com a evangelização das Ilhas Britânicas (nome dado pelos romanos na invasão de 77 d.C).  No século II Tertuliano fala que a primeira evangelização da Bretanha não foi realizada por  uma missão oficial da  Igreja e  pode  ter sido feita por  escravos, comerciantes ou perseguidos do Império  romano, que  lá se estabeleceram como  Igreja  e  com a  invasão dos pagãos em 449, principalmente de origem anglo-saxônica,  que conquistaram os celtas britânicos,  a  antiga civilização romana desapareceu naquele lugar e com ela o cristianismo inicial  quase desparece, a Igreja se manteve presente nesta região  com  os cristão destas Ilhas  que foram  se refugia nas montanhas de Gales ou entre os picos da Cornualha.
·         Enfim a comunhão com Roma
Santo Agostinho de Cantuária
   No relato do livro do venerável Beda escrito na segunda metade do século IX o papa Gregório Magno que tinha como preocupação a vocação missionária. Manda o monge Agostinho[3] com mais 40 monges em uma  missão de recristianizar a Inglaterra,   chegando na poderosa cidade de Kent, se desloca ao litoral e funda uma Igreja em Cantuária onde próprio rei pagão Etelberto é batizado e  passa apoiar  a missão cristã e no natal deste mesmo ano  já havia  acontecido mais de dez mil batizados e  Agostinho é  sagrado bispo nesta mesma Igreja. 
   Os cristãos Celtas que estavam refugiados  na região de Gales, começaram a entra em choque com a Igreja e   certa resistência à romanização da Igreja da Inglaterra. Os problemas não eram de natureza teológica, mas prática e girava em torno, por exemplo, da forma correta de calcular a data da celebração da páscoa e a forma da tonsura[4] monástica.   Em 603 d. C., Agostinho chamou representantes da Igreja Celta numa tentativa de convencê-los a se submeter às práticas e disciplinas romanas, mas eles se recusaram. Santo Agostinho morreu em 605, mas a questão das diferenças entre a Igreja Britânica e a Igreja Romana continuou sendo motivo de controvérsias. Finalmente em 664, em Whitby, na Nortúmbria, a questão foi resolvida em Concílio, por votação, e através do decreto do rei Oswy, que decidiu em favor das práticas e costumes romanos. Segundo o rei afirmou, Pedro tinha as chaves do Reino de Deus, e o Papa era o sucessor de Pedro. Mesmo no século VII tivemos o problema da autoridade política resolvendo questões religiosas.
A obra missionária iniciada por Agostinho foi consolidada por Teodoro de Tarso, monge grego que foi enviado pelo Papa em 669 para tornar-se Arcebispo e afastar as características peculiares do cristianismo céltico e convoca o primeiro Sínodo nacional da Igreja na Inglaterra: O Concílio de Hertford (673). Durante toda a Idade Média a Igreja Inglesa estava submetida à Igreja Romana. A Inglaterra, como os demais países da Europa, fazia parte e dava sustento ao sistema papal vigente, contudo devido à distância que a separava de Roma, desenvolveu-se desde muito cedo uma Igreja com características estatais e nacionalistas.   A Igreja na Inglaterra sempre reclamou a sua independência histórica, e mesmo que durante 850 anos ela tenha sido nominalmente católica, a sua relação com o papado sempre foi conflituosa.
 No  início do século X a Grã-Bretanha foi novamente invadida agora pelos vikings, destruindo tudo que havia sido construído pela Igreja. A cidade de Cantuária foi saqueada e sua grande catedral foi queimada. Monges foram mortos e outros vendidos como escravos, os vasos sagrados foram pilhados.  A presença dos daneses (vikings ) na Inglaterra era ambivalente.        De um lado havia aqueles que vieram apenas para saquear e depois voltar para casa, de outro lado, havia aqueles que se estabeleceram na Inglaterra para se tornarem ingleses. Isto gerou uma situação religiosa igualmente ambígua.
     Em 1016 d.C. ocorreu uma Segunda invasão normanda, com a diferença que desta vez o ‘invasor’ era cristão chamado Cnut que protegeu a Igreja. De fato ele é apresentado como “um cristão por conversão e convicção profunda”. “Oito anos depois de sua morte, a monarquia inglesa é restaurada, sendo coroado rei, Eduardo o confessor em 1043”.
Segundo Aquino, “Eduardo era conhecido pela sua piedade e por isso tomou o nome de ‘o confessor’. Tendo vivido na Normandia desde a sua infância, possuía uma cosmovisão e lealdade próprias dos normandos. Aos ingleses não via como compatriotas, mas como bárbaros, por isso confia os cargos religiosos e políticos a  uma elite normanda poderosa que se acercava do trono.  A principal consequência dessa invasão normanda para a Igreja na Inglaterra foi uma submissão mais profunda a Igreja Romana, provocando inclusive a entrada de outras ordens religiosas na Inglaterra além dos beneditinos. Essa maior submissão maior a uma Igreja estrangeira (Romana) vai gerar reações nacionalistas e religiosas que mais tarde criaram um ambiente propício para a Reforma Religiosa do Século XVI. Quando Guilherme, o Conquistador, conquista a Inglaterra ocorre um atrito entre e o papa Gregório VII, que concorda em liberar ofertas à Igreja Romana. Guilherme se recusa a pagar os devidos tributos a Igreja Romana. Contudo após a cobrança do Papa e vendo que naquele momento não valia a pena  desafia autoridade do Bispo Roma, envia como  desagravo uma certa quantia e para ganha a população  coloca algumas restrições à Igreja Romana:
1. Nem um habitante do seu reino deveria reconhecer como apostólico o Pontífice de Roma a não ser pela sua própria ordem.
 2. Quando o primaz de seu reino (o Arcebispo de Cantuária ou de Dorobérnia) presidiu um Concílio geral de bispos, não lhe permitiu dar qualquer ordem ou fazer qualquer proibição a não ser que tenha sido primeiramente ordenada por ele.
3. Não permitiu a ninguém, nem mesmo a seus bispos, que chamasse alguém ao tribunal, excomungasse ou ligasse por qualquer sanção ou castigo eclesiástico a qualquer um de seus barões ou ministros acusados de incesto, adultério ou qualquer outro crime capital, a não ser que ele mesmo permitisse.
    Essa atitude  da á força para que no século XII, por exemplo, o rei Henrique II limitasse o poder do clero inglês proibindo a possibilidade de apelo a Roma, limitou a autoridade da Igreja em imprimir censuras e subordinando à permissão do rei as viagens dos bispos ao exterior[5]. O rei Henrique II enviou uma carta a Anselmo, Arcebispo de Cantuária, explicando os motivos que o levaram a assumir o trono sem a presença do Arcebispo e pede que ele volte para assumir Igreja de Cantuária que sofria com a ausência dele.
A Questão das Investiduras foi levantada na Inglaterra e novamente prevaleceu o poder real sobre o poder papal, no chamado acordo de Bec em 1107, onde ficou decidido que a respeito das Investiduras da Igreja, o rei deveria realizá-las segundo a tradição de seu pai e irmão e não conforme a ordem e a obediência devida ao papa.
   Em 1164, ficou estabelecido, na Dieta de Claredon que a eleição dos prelados só se faria com a aprovação do rei, a quem os eleitos, antes da sagração deveriam prestar juramento de vassalagem e fidelidade. O Ato de Provisão (1351) e o Estatuto de Præmunire (1353) proíbem respectivamente a entrada em território britânico de qualquer bula ou sentenças papais e impedem a apelação a tribunais estrangeiros, declarando ilegítimas todas as nomeações feitas pelo papa. Em 1208, ocorreu o interdito papal sobre a Inglaterra, o rei João incorreu nas iras do Papa Inocêncio III por deixar vagas as sedes episcopais e se apropriar de suas rendas. As coisas chegaram ao seu clímax por causa de uma eleição realizada para a sede de Cantuária, em 1205. Foi feito um apelo ao papa, que convocou os monges de Cantuária para Roma e os induziu a eleger um cardeal, Estevão Langton. João recusou a aceitá-lo e daí veio o Interdito. Com o decorrer dos séculos, a Igreja da Inglaterra foi evoluindo numa ambiguidade motivada por fatores geográficos e políticos. De um lado, mesmo ligada à Roma conservava características de independência e isolamento devido à sua posição geográfica (distante de Roma) e por seus reis quererem influência romana diminuída. De outro lado, os seus líderes, arcebispos de Cantuária e, principalmente, as ordens monásticas ali estabelecidas que lutassem para tirar a vida religiosa inglesa desse isolamento.
Ao final da Idade Média os leigos começaram a ter uma maior atuação nos ofícios religiosos em suas paróquias. Fato que favoreceu a tomada de consciência do povo sobre os abusos de poder da Igreja e desejosos de uma reforma. Ao povo inglês desagradava enviar dinheiro para um Papa em Avignon, que estava sob a influência do inimigo da Inglaterra, o rei francês. Este sentimento nacionalista naturalmente aumentou o ressentimento real e da classe média por causa do dinheiro desviado do tesouro inglês. Esse interdito restringia os serviços religiosos a um caráter particular e emergencial. Em 1209, Inocêncio excomungou a João. Quando viu que, com isto, não conseguiria o efeito desejado, declarou que João estava deposto e, em 1212, convidou o Rei da França para que invadisse o país. Depois disto, João se submeteu e entregou o trono em 15 de maio de 1213, sendo renovado em Londres perante Nicolau, bispo de Tusculum. Não se sabe se a entrega foi exigida por Roma ou oferecida por João. 
Essa concessão que João fez de seu reino ao Papa relaxou o interdito, mas a coexistência da autoridade papal ao lado da tirania do rei indignou os barões, que tinham-se abstido de tirar partido das dificuldades de João com a Igreja. Por isso João escreveu uma Carta Eclesiástica, em 1214, onde pede que quando igrejas e mosteiros ficarem vagos, ninguém proceda ou presuma proceder em oposição a esta concessão e ordenação.
Outro episódio que marcou a Igreja Inglesa foi o movimento desencadeado pelo professor da Universidade de Oxford, John Wyclif (1328-1384). O movimento de Wyclif começou quando o mesmo traduziu quase toda a bíblia para o inglês e comissionou um grupo de pregadores ambulantes (“os padres pobres–poor priests”) para divulgar o Evangelho. Esse movimento estava em sintonia com as pregações dos frades dominicanos e franciscanos, mas destoava claramente da maioria do clero secular e da hierarquia eclesiástica.
Essa bíblia traduzida por Wyclif foi continuada por João Purvey e concluída em 1388. As cópias dessa bíblia foram objetos de queimas públicas em 1410 e 1413, mas pelos menos 170 delas ainda existem hoje. A fim de extirpar o mal pela raiz daquilo que era chamado de heresia, os líderes religiosos reuniram-se em assembleia em Praga, a 16 de julho de 1410, e promoveram enorme fogueira em que foram queimadas mais de duzentas obras de Wyclif. Enquanto esses livros eram queimados, os sinos da Sé tocavam e o povo cantava um “Te Deum laudamos” (Ó Deus, te louvamos!). Além desse movimento, a reflexão teológica de Wyclif o levou a condenar a simonia e a venda de Indulgência. Em 1378, radicalizou com a Igreja de Roma, chegando a chamar o ocupante da cátedra petrina de anti-cristo e “dois anos depois condenou a doutrina da Transubstanciação. Era o clímax da sua ofensiva, pois atingia a base mesma sobre a que se firmava o poder clerical”. 
“A importância de Wyclif - conhecido como ‘a estrela matutina da Reforma’ - é ressaltada nas palavras do Rev. Durval Silva porque ‘foram as linhas por ele traçadas que Henrique VIII, com consciência disso ou não, seguiu no século XVI’” 
    Este eminente professor de Oxford foi de todas as formas atacados pelos líderes eclesiásticos e por fim considerado herege. Porém a o seu exemplo e o seu ensinamento via influenciar João Huss (1369-1415), Jerônimo de Praga que continuou a obra de Huss e pereceu na fogueira em Constança , no ano de 1416.
Os Lolardos, como eram chamados os seguidores de João Huss, chegaram a algumas conclusões (1394) que também foram consideradas heréticas pela Igreja de Roma, dentre as quais:
1. Quando a Igreja da Inglaterra se tornou louca pelos bens temporais, tal qual a sua madastra, a Igreja de Roma, e as igrejas foram autorizadas a Ter propriedades em diversos lugares, a fé, a esperança e o amor começaram a fugir de nossa Igreja, porque a soberba com sua miserável progênie de pecados mortais os reclamava sob pretexto de verdade.
2. A lei da continência imposta aos sacerdotes, coisa primariamente estabelecida em prejuízo das mulheres introduz a sodomia em toda a santa Igreja.
3. A matança de homens na guerra, ou por uma pretensa lei de justiça ou por uma causa natural, sem nenhuma revelação espiritual, é expressamente contrária ao Novo Testamento, que na verdade é a lei da graça e cheio de misericórdia.
    Esse movimento apesar de duramente reprimido pela Igreja de Roma, vai deixar muitas marcas na memória do povo inglês que aos poucos começou a rejeitar a supremacia papal.
   Quando o rei Henrique VIII subiu ao trono em 1509 ficando até 1547, a Inglaterra já vivia certa conturbação religiosa, devido às idéias reformistas de Wyclif, sempre presentes através das pregações dos lolardos. Além do que não poderíamos deixar de mencionar que nesse período, “as idéias de Martinho Lutero começavam a se espalhar por todo o país, principalmente nas universidades, influenciando homens como Thomas Cranmer, Matthew Parker e Hugh Latimer. Porém não podemos deixar de afirmar que Henrique VIII, nos primeiros tempos do seu governo se mostrou zeloso pela fé romana. Em 1521, contra a obra de Lutero sobre “o Cativeiro Babilônico” escreveu uma “Afirmação dos Sete Sacramentos”, que lhe valeu do Papa Leão X o titulo de “Defensor da Fé” que os soberanos ingleses até hoje conservam. Segundo Rataboul, Louis, no seu livro “o Anglicanismo” afirma que durante o período em que Henrique VIII rompeu com Roma (1534-1547), a Inglaterra viveu um cisma, um verdadeiro catolicismo sem papa”. Ele afirma também que “essa ruptura com Roma não poderia ser explicada, unicamente, por um capricho de um príncipe inglês perdidamente apaixonado e contrariado nos seus “projetos matrimoniais”. Em lugar de desistir, Henrique VIII tentou tudo para obter uma decisão favorável ao seu novo casamento. Várias universidades inglesas e estrangeiras apoiaram a causa real. Estas opiniões favoráveis, bem como a petição dos nobres e prelados foram transmitidas a Roma. Segundo Neil, Stephen: “O papa bem que gostaria de conceder a anulação a Henrique, contando que pudesse encontrar um meio de assim o fazer sem ofender o imperador Carlos V, que era sobrinho da rainha Catarina a quem temia com medo mortal”  
Não podemos negar que existiam interesses políticos e econômicos na Reforma Anglicana, o que não aceitamos é a afirmação que esta Reforma não tinha nenhuma motivação religiosa, o que é falso. Vicentino, em seu livro de História Geral, enfatiza os vários casamentos do Rei Henrique VIII : “A primeira esposa de Henrique VIII, Catarina de Ararão, era filha dos reis católicos da Espanha, Fernando e Isabel, e teve seis filhos, dos quais apenas a princesa Maria sobreviveu. Sem o herdeiro do sexo masculino, o rei separou-se dela em 1531 para casar-se com Ana Bolena, a qual deu à luz a futura Rainha Elizabeth I. Acusada de adultério e incesto foi decapitada em 1536. Henrique casou-se logo em seguida com Jane Seymour, a qual lhe deu o herdeiro que tanto ansiava, Eduardo, morrendo em seguida pelas complicações do parto. Com a morte desta terceira esposa Henrique VIII casou-se novamente desta vez com Ana de Cleves, em 1540, divorciando-se seis meses depois. No mesmo ano, Henrique casou-se com Catarina de Howard, uma dama de honra da esposa anterior, a qual acabou decapitada devido às suas aventuras extra-conjugais. O último casamento de Henrique, o sexto, foi com Catarina Parr, viúva duas vezes e que, com a morte do rei, encerrou sua terceira viuvez casando-se com um almirante da marinha real”.  Claro que esta informação é uma curiosidade histórica, porém a Igreja Católica Romana, após a Reforma Religiosa, tentou desmoralizar a Reforma dizendo que esta foi mais fruto de desejos pessoais do que teológicos: a saber, um padre que queria se casar (Lutero) e um rei que queria casar de novo. (Henrique VIII).Uma historiografia mais profunda refuta ambos os argumentos. Em relação a Lutero sabemos que o mesmo tinha profundas motivações religiosas e que era Doutor em Teologia e o seu casamento só ocorreu no final de sua vida. Em relação ao rei Henrique VIII, ele não pode ser considerado o verdadeiro fundador da Igreja Anglicana, pois este apenas estabeleceu na Inglaterra um catolicismo sem Papa. E a Reforma só começou a se concretizar graças ao esforço do Arcebispo de Cantuária, Thomas Cranmer, e do filho de Henrique, Eduardo. Essa Reforma só se concretiza no reinado de Elizabeth I. 
Cláudio Vicentino, no mesmo livro citado, afirma que o Anglicanismo buscou conciliares as diversas facções de crentes ingleses, desde católicos tradicionais aos diversos defensores do reformismo.
     Ora, se fomos analisar os fatos históricos, toda a Reforma foi também política e econômica, mas não somente política e econômica. Na Alemanha, tínhamos o desejo da nobreza de se ver livre da opressão de Roma; na Suíça, tínhamos o desejo da burguesia por uma ética religiosa que não condenasse o comércio, o trabalho e o lucro. Se formos analisar a história do Cristianismo, podemos dizer que o Edito de Milão foi motivado por motivos políticos e econômicos, e que a Grande Cisma ocorreu por divergências políticas entre a Igreja do Ocidente e a Igreja do Oriente. Enfim, um fato histórico não pode ser interpretado à luz somente de fatores políticos e econômicos. Devem ser levados em contam também os fatores religiosos, sociais e culturais que envolvem o fato histórico.
Em 1534, ocorre o Ato de Dispensa, pelo qual o rei Henrique VIII proibia todo o clero de apelar para Roma[6] e afirma que o Arcebispo de Cantuária e seus sucessores terão todo o poder e autoridade para conceder tudo o que antes estava reservado ao papa.  A grande falha dos livros didáticos ao tratar sobre a Reforma Anglicana é omitir a importância do Arcebispo de Cantuária, em especial Thomas Cranmer, que foi o mentor teológico da Reforma inglesa e elaborador do Livro de Oração Comum. Tal livro contém a liturgia básica utilizada na Igreja Anglicana e que, no reinado de Elizabeth I, se torna o líder máximo dos anglicanos e não o rei como alguns livros dão a entender. A rainha da Inglaterra não é a líder máxima da Igreja Anglicana no mundo inteiro, ela apenas indica o Arcebispo de Cantuária a assumir a direção da Igreja da Inglaterra, depois do Parlamento votar em três bispos e o Primeiro Ministro indicar a sua preferência. Ela é a chefe política da Igreja Anglicana na Inglaterra, até porque é coroada pelo Arcebispo de Cantuária. Assim como o Papa possui o poder político e espiritual no Vaticano e só o poder espiritual no mundo inteiro para os católicos romanos, a rainha da Inglaterra possui o poder político sobre a Igreja Anglicana da Inglaterra e o poder espiritual pertence ao maior prelado anglicano, o Arcebispo de Cantuária, que exerce a liderança espiritual sobre os anglicanos do mundo inteiro. A Rainha da Inglaterra não tem nenhuma jurisdição sobre a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e até o próprio Arcebispo de Cantuária só exerce uma liderança simbólica, visto que, a Igreja Anglicana é autocéfala, ou seja, cada País ou Província tem o seu Bispo Primaz ou Arcebispo, que preside o Sínodo nacional. O papel do Arcebispo de Cantuária é representar os anglicanos nas instâncias internacionais e presidir a Conferência de Lambeth, reunião decenal de todos os bispos(as) anglicanos(as) do mundo para discutir os principais temas do mundo anglicano.
Em conseqüência dos acordos feitos com os luteranos, o rei autoriza promulgar “os 10 artigos”, em 1535, que se referem aos três sacramentos: batismo, confissão e eucaristia, sem, contudo, negar a existência dos outros quatro. Confirmam a presença real de Cristo na Eucaristia, mas sem se referir a Transubstanciação, a doutrina da justificação pela fé e só são condenados os abusos no que concerne ao culto dos santos e imagens. Finalmente, são recomendadas as missas e orações, pelas almas dos defuntos. 
Em 1535, o rei Henrique VIII foi condenado pelo Papa Paulo III através da Bula , Eius qui immobilis, que autorizava os súditos a desrespeitar o rei e seus filhos e que o mesmo estava privado de seu reino. Em 1539, veio o ‘acoite sangrento de seis cordas’, que aprovado pelo Parlamento a pedido do rei e contra a vontade do Arcebispo de Cantuária, Thomas Cramer, tornou impossível qualquer progresso na reforma doutrinária. Esses seis artigos confirmaram as doutrinas tradicionais católicas romanas: transubstanciação, comunhão só do pão, celibato obrigatório, confissão auricular, votos de castidade e missas privadas. Aqueles que recusaram o cisma, como o Bispo John Fisher e o leigo Thomas More, infelizmente, sofreram a morte, ou que aceitaram as consequências do exílio por adesão a Sé Romana. Por outro lado, o partido reformador chefiado por Thomas Cromwell, publicou em 1526 e 1538, as imposições reais, que condenava as superstições papistas e impunha o uso da Bíblia, em inglês, em cada igreja. O associado de Thomas Cromwell foi o Arcebispo de Cantuária Thomas Cranmer, que desempenhou um papel essencial no afastamento de Roma e foi o ministro dos divórcios e sucessivos casamentos de Henrique VIII. O rei, por amizade fechou os olhos às convicções, cada vez mais protestante, e chamou-o para sua cabeceira à hora da morte.
     Com a morte de Henrique VIII, o povo inglês estava em meio a um sentimento de indefinição religiosa, o que por sua vez contraria a tese de que a Igreja Anglicana foi fundada por Henrique VIII, o que ocorreu na verdade foi a mudança de Igreja ‘na’ Inglaterra para Igreja ‘da’ Inglaterra (Anglicana). E mesmo essa mudança foi ocorrendo gradativamente ao longo dos reinados, sendo interrompida.
No governo de Maria, a Sanguinária, e consolidada no governo de Elizabeth I.
O grande papel de Henrique VIII para a Reforma Anglicana foi o rompimento político com Roma, mas teologicamente a Igreja não tinha assimilado as ideias básicas da Reforma Religiosa. Outro fator diferencial na Reforma Inglesa é que a grande maioria dos clérigos aceitou a nacionalização da Igreja Inglesa, e por isso não houve quebra na sucessão dos Arcebispos de Cantuária que começou em 597 d.C. e hoje já está no 104º com Sua Graça Rowam Wiliams. O que houve foi Reforma e não fundação de uma nova Igreja, até porque ninguém pode fundar o que já existia. A Igreja da Inglaterra deixou de ser Católica Romana para ser Católica Reformada. Ela não perdeu a sua natureza católica, mas a sua forma romana assumindo a forma reformada-anglicana.
Depois da morte de Henrique VIII, assume o trono Eduardo IV, que por ser muito jovem (9 anos) recebe como ‘protetor’ o duque de Somerset. A educação da criança, de saúde frágil, mas de inteligência precoce e já possuidor de uma fé ardente, tinha sido confiada aos reformadores zelosos: Richard Cox, Sir Anthony Cooke, Sir John Cheke e, finalmente Jonh Knox, o calvinista escocês, que se tornou capelão do rei em 1551. Ao recordamos a ortodoxia católica imposta pelo rei por mais de dez anos ao povo, é surpreendente como os rumos começavam a mudar. Entre os colaboradores da Reforma neste período temos Hugh Latimer, a quem a recusa dos Seis Artigos valera a prisão, tornou-se o ardente e sincero pregador da Igreja reformada, denunciando os abusos da Igreja e da sociedade. Nicholas Ridley, antigo capelão de Cranmer e bispo, primeiro de Rochester e depois de Londres, contribuiu, também, extremamente para a difusão das doutrinas reformadas no país. O reinado de um rei comprometido com a Reforma provocou a vinda de muitos protestantes para a Inglaterra. Entre eles contam-se: Pierre Martyr Vermigli, Emmanuel Tremellius e o Bernadino Ochino, o alemão Bucer, o hebraizante Fagius, o luterano Dryander, o calvinista John de Lasco, o francês Valérand Poullain e o flamengo John Utenhove, que se ocuparam dos refugiados estrangeiros protestantes e por fim Jonh Knox que chegou a Inglaterra em 1549. No reinado de Eduardo, foi possível a elaboração de uma legislação que favorecesse claramente os partidários da Reforma. E declarava que o cargo de bispo dependeria da vontade da Coroa que poderia destituir os prelados indesejáveis.
    Em Julho de 1547, vieram as ‘imposições reais’, que impunha ao clero o combate a superstição e a autoridade do papa, bem como a pregação a favor da supremacia real. De futuro, a epístola e o evangelho seriam lidos em inglês, e seria essa a língua usada para cantar a litania. Além disso, cada paróquia deveria possuir, não só o Novo Testamento em latim e em inglês, mas também as Paráfrases de Erasmo, em inglês, onde o humanista atacava a Igreja sua contemporânea, bem como o Livro das Homilias na sua maior parte obra de Cranmer, que Henrique VIII recusara a publicação. No Ordinal de 1550, o papel do padre muda, deixando de ser ministro de um sacrifício para ser ministro da palavra e distribuidor dos sacramentos. A palavra missa é habitualmente conservada, é claro que seu caráter sacrificial vai equivaler agora a uma comemoração memorial.
Esse período será marcado por uma ofensiva protestante principalmente na liturgia, os Seis Artigos foram abolidos; as imagens foram retiradas e da Missa foi eliminado o seu caráter sacrificial através da aprovação pelo parlamento do Livro de Oração Comum (1549), redigido pelo Arcebispo de Cantuária, Thomas Cranmer. Com a substituição de Somerst por Warwick, a Igreja da Inglaterra recebeu uma influência calvinista ainda maior. Esta influência se manifestou principalmente na reforma do Livro de Oração Comum – na substituição dos altares de pedra por mesa de madeira, abolindo a oração pelos mortos e reduzindo as vestes litúrgicas – e na publicação de uma confissão de fé conhecida como Os Quarenta e Dois Artigos, esses artigos foram até o limite extremo de protestantismo que nunca devia ultrapassar. O que estava por trás de todas essas reformas era o desejo de Cranmer de simplificar a complexa estrutura das cerimônias medievais aproximando a liturgia inglesa o mais possível da Igreja primitiva.
      Com a morte de Eduardo IV (1553), sobe ao trono sua irmã Maria Tudor. Profundamente católica romana, ela consegue reconciliar a Igreja Anglicana com Roma e pede perdão pelo pecado de heresia a 30 de Novembro de 1554. Seu reinado, no entanto, ficará marcado pela perseguição e execuções, daí porque ela receberia o epíteto de ‘a sanguinária’. O primeiro mártir foi o padre John Rogers, o tradutor da Bíblia de São Mateus, que foi queimado na fogueira por heresia a 4 de janeiro de 1555, seguido pelo Arcebispo de Cantuária, mentor da Reforma: Cranmer, que ao ser queimado, pôs logo a mão que tinha assinado as retratações para com a rainha e Latimer, seu companheiro acadêmico. Essa perseguição aos protestantes fez com que muitos líderes reformados fugissem para o continente, uns para a Alemanha de Lutero e outros para Genebra de Calvino. Até o fim do seu reinado, cerca de 300 protestantes entre clérigos e leigos, burgueses e gente do povo, homens e mulheres, jovens e velhos, foram queimados assim, manifestando sua fé e a exigência de sua consciência. Os nomes de todas estas vítimas figuram no martirológico de Fox e tão caro ao anglicanismo.  Uma das Primeiras medidas foi restituiu aos prelados católicos as sés ocupadas por prelados protestantes. O Parlamento aboliu o Livro de Oração Comum e os Atos de Uniformidades, restaurou a missa tradicional e restabeleceu o celibato eclesiástico e a doutrina da transubstanciação. Altares, crucifixos e imagens voltaram a ser colocados em seus lugares, vestes e livros litúrgicos voltaram a ser usados. E dessa forma a Igreja voltava ao que fora no tempo de Henrique VIII. As Ordens religiosas voltaram a ter o seu espaço, os franciscanos e dominicanos, reencontraram os seus conventos em Londres e os beneditinos e os cartuxos animavam a abadia de Westminster e a de Sheen. No século XIX, o movimento de renovação católica dentro da Igreja Anglicana, trouxe de volta as ordens religiosas à Igreja da Inglaterra.
      Quando atinge o seu fim, a 17 de Novembro de 1555, a infeliz monarca está impopular e solitária, esgotada pelo seu vão combate contra a Reforma, magoada pela perda de Calais e desesperada por morrer sem descendência. O balanço do seu reinado era tão negativo que a Reforma tinha reencontrado todas as suas oportunidades. Em 1558, sobe ao trono Elizabeth I, que em menos de um ano aprova no parlamento dois atos que caracterizarão daí pra frente à Igreja Anglicana:
·         Ato de Supremacia: a rainha se declarava ‘suprema regenteda Igreja e do Estado, abolindo assim a jurisdição de qualquer estrangeiro seja príncipe, prelados potentado sobre a Igreja.
·         Ato de Uniformidade: impunha como único livro oficial de culto o Livro de Oração Comum (1559), com algumas modificações: sancionava as antigas vestes litúrgicas e limitava a ostensiva influência calvinista nos ritos.
        Os estudiosos são unânimes em afirmar que com estes dois atos a Igreja Anglicana define-se com ‘Via Media’, que não pretende voltar a Roma nem ceder às pressões de Genebra. Um exemplo disso ocorrerá em 1563 quando os Quarenta e Dois Artigos são reduzidos para Trinta e Nove, declarando uma fé simultaneamente Católica e Reformada. Segundo Louis Rabout, “nada nem na educação, nem no caráter da jovem soberana a predispunha para adotar uma política religiosa extremista, favorável ao catolicismo romano ou ao calvinismo continental. Ao contrário dos seus três antecessores, ela não era realmente, nem teóloga, nem devota. Ninguém pode alguma vez afirmar qual a sua posição do ponto de vista religioso, a não ser que preferia a prudência do meio aos ricos dos extremos absolutos”. Esse era o perfil ideal para conseguir superar as crises religiosas e garantir a unidade do país, fortalecendo dessa forma a monarquia inglesa. No seu livro ‘Christianty: Essence, History and Future’, o teólogo católico Hans Küng tenta explicar como esta Igreja consegue combinar os paradigmas católicos e reformados, dizendo que o anglicanismo conseguiu guardar as Escrituras e ao mesmo tempo a Tradição; a ordem litúrgica tradicional e ao mesmo tempo a reforma flexível e finalmente, uma estrutura episcopal oficial de ministério ao lado de uma tolerância generosa para os leigos.
Embora a rainha tivesse decidido agir com prudência as suas primeiras ações são reveladores das suas intenções e anunciam mudanças futuras: renova o Conselho Real, herdado de Maria, substituindo católicos por protestantes moderados e nomeia Nicolas Bacon, Guarda de Selos; escolhe, para a Catedral de São Paulo, um pregador protestante e, no dia de Natal, exige que seja omitida a elevação da hóstia na Missa; no dia de sua coroação retira-se quando o bispo celebrante transgride suas ordens; recusa a receber a comunhão, segundo o rito tradicional, e trata com aspereza o abade e os monges de Westminster, porque eles a receberam com velas e incenso.
      Vemos que ela tinha uma leve tendência protestante, segundo alguns motivada pelo fato de os católicos a considerarem bastarda. Preferiu não enviar representantes ao Concílio de Trento e foi por isso excomungada em 1570, através da Bula de Pio V, Regnans in excelsis, onde autorizava os ingleses a desobedecerem a sua rainha. E incentivava o povo a depô-la do trono.
     A  volta de inúmeros protestantes à Inglaterra. Os que vinham da Alemanha não sentiam muita diferença entre a experiência eclesial luterana e anglicana. Já os que regressavam de Genebra desejam uma mudança mais profunda nas estruturas da Igreja da Inglaterra. Eles queriam ‘purificar’ a Igreja Anglicana tirando todos os ‘trapos do papado’, por causa desses postulados passaram a ser chamados de ‘puritanos’. A maioria dos puritanos queria reproduzir na Igreja Anglicana, o modelo litúrgico, copiado do calvinismo de Genebra. Para eles, o Livro de Oração Comum de 1559, fruto da ação de Elizabeth I, estava eivado de papismo e infidelidade às Escrituras.
     Os puritanos condenavam gestos e atitudes determinadas pela liturgia, como o sinal da cruz no Batismo, a imposição das mãos na Confirmação e a genuflexão na Comunhão, que revelava aos seus olhos, a superstição romana. Eles tinham bastante dificuldade também com o uso de paramentos autorizados pela Rubrica dos Paramentos.
     É, pois, a partir de uma Igreja profundamente marcada pelo puritanismo, que a rainha Elizabeth I conseguiu chegar ao compromisso religioso, que julgava desejável para o seu reino. Obra delicada, para a qual a sua firmeza e sua tolerância pessoal contribuíram mais do que a devoção dos seus colaboradores e do episcopado. Alguns bispos tentaram remediar a anarquia da liturgia e da disciplina eclesiástica, publicando em 1556 os seus avisos. Essas tentativas não impediram os puritanos de lançar, em 1572, a Advertência ao Parlamento, manifesto anônimo, que solicitava uma Igreja sem bispos. Aos adversários da posição anglicana, católicos ou puritanos, responderam dois insignes teólogos anglicanos: John Jewel e Richard Hooker. O célebre tratado do bispo de Salisbúria, Apologia Ecclesiae Anglicanæ (1562), tornou-se, em breve, na melhor defesa da Igreja Anglicana e de seu catolicismo, baseado nas Escrituras e nos Doutores dos seis primeiros séculos. Hooker, o melhor apologista que o anglicanismo já teve, rejeita, em particular, a asserção, segundo a qual, só a Escritura, critério absoluto, deve inspirar a forma de governo eclesiástico, e a sua conclusão de que a liturgia anglicana se mantém manchada por corrupções romanas.
A maior parte do clero prestou juramento a Elizabeth. Nada tem de extraordinário que uma grande parte dos gregos, a exemplo dos seus padres, seja a bem ou a mal partidários de sua rainha.
         O símbolo de esperança para os católicos, Maria Stuart, ocupada acerca de 20 anos a intrigar e conspirar contra a rainha e o anglicanismo, acabou sendo executada, em Fevereiro de 1587, por ordem de Elizabeth I.
           Um ano mais tarde, Felipe II, durante tanto tempo partidário da soberania inglesa e da sua política religiosa, decidiu enfim um acordo com o papa, organizando contra a Inglaterra uma Cruzada Militar.  A derrota da Armada Invencível salvou definitivamente o trono de Elizabeth, assegurou o triunfo do Anglicanismo e foi o responsável por durante séculos aos católicos romanos ingleses o estatuto de traidores e foras-da-lei. Com a morte de Elizabeth, sobe ao trono, em 1603, seu sucessor, James VI, da Escócia, que passa a ser chamado James I da Inglaterra. Ele era visto, pelos puritanos, como aquele que finalmente estabeleceria um sistema de governo presbiteriano na Igreja Anglicana. Uma vez coroado rei da Inglaterra deixou bem claro que para ele o presbiterianismo “se harmonizava tanto com a monarquia como Deus com o diabo”.
        Com esse banho de água fria nas pretensões dos puritanos, a Reforma Anglicana estava consolidada, apesar das futuras pressões puritanas que seriam dirimidas de uma vez por todas com a Revolução Gloriosa (1688).  Hoje é constituída por mais de trinta Províncias, em quase duzentos países, com cerca de 70 milhões de fiéis.  



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[1]    Não deve ser confundido com o  antipapa Clemente VII de Avinhão que excomungou e foi excomungado por Urbano VI que era Papa em Roma  Sec. XIV
[2]  - no ano de 313
[3]    Esse monge era Santo Agostinho de Cantuária que não deve ser confundido com Santo Agostinho de Hipona.
[4] - Corte de cabelo dos monges
[5] - No caso a Roma
[6] - Havia uma norma feita por Guilherme “o conquistador” que proibia apelos a Roma



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